segunda-feira, 21 de julho de 2008

...idéia: O Brasil com b minúsculo e os incomunicáveis...

É melhor nos reinventarmos nossa prática educacional rapidamente. É melhor pensarmos menos em índice de aprovação e percentual de alunos matriculados no ensino básico e mais no que os nossos alunos estão escrevendo.
Em uma prova aplicada recentemente a alunos do terceiro ano do ensino médio (atenção: do ensino médio!), eis que o nome do nosso glorioso país aparece com a seguinte grafia:"brasil".
Sinceramente, é bastante difícil aceitar e entender uma realidade como essa. Uma noção por demais elementar não foi internalizada por aquele aluno. Mas não foi só ele. O "brasil" deu as caras novamente em outras provas. Fiquei ainda mais preocupado.
Mas não para por aí. Tem também o "sudeste", o "nordeste" etc etc.
Não bastasse esses erros ortográficos crassos, a dificuldade para expressar o que se pensa é cada vez maior. Quando pedimos que o aluno explique, ele cita. Quando pedimos para descrever, ele "telegrafa". Falta conteúdo? Ou o aluno não está entendendo o que está sendo pedido na questão? Talvez os dois. Mas o fato é que a dificuldade para entender o que as questões solicitam e/ou para argumentar é enorme. Se uma palavra um pouco menos corriqueira aparece na prova, é comum ouvir: "por que o professor não fala a nossa língua?" Ou: "é, tá querendo aparecer, tá querendo falar bonito..."
Não parece nada demais. Mas acredito que esse problema é sintomático. A "doença" parece ser bastante grave. Acredito que seria muito bom que se aplicasse um tratamento de choque para que o vírus brasilis minusculus seja contido o quanto antes. Ter um bom domínio da escrita e ter boa capacidade de compreensão do que é escrito ou falado não é simplesmente uma questão de conseguir boas notas ou passar em um vestibular: é ser "mais cidadão".

sábado, 19 de julho de 2008

... viagem



Hoje estava me lembrando de uma viagem que fiz, montado na minha bike, entre Ubatuba (SP) e Paraty (RJ). Foi um dos melhores que já fiz, apesar de ter ido sozinho. Mas foi uma boa oportunidade para conhecer pessoas diferentes e pra pensar um pouco na vida entre as muitas subidas e descidas.
Fiz esse passeio no verão de 2006. Tinha chegado há pouco em Campinas (SP) e queria muito conhecer o litoral norte de SP, especialmente Ubatuba. Assim, fiz uma preparação de três semanas em Campinas (pedalando em média 90, 100 km por semana), comprei algumas ferramentas e material sobressalente e parti.
Fui para Ubatuba de ônibus. Desmontei partes da bike e coloquei a magrela no bagageiro do ônibus. Ao chegar em Ubatuba, montei a bike e partir para o Itamambuca EcoResort, onde acampei por 2 dias para curtir as praias, antes de pedalar em direção à Paraty.
No dia da pedalada sai de Ubatuba por volta das 11h da manhã. O sol estava rachando. Dividi a pedalada em algumas paradas. A primeira delas foi em um trecho da estrada que tinha uma cachoeira muito bonita. Encostei a bike atrás de uma barraca que ficava na beira da estrada e dei uma refrescada.
Pedalei um pouco mais, até chegar à praia do Promirim. Para chegar lá, entrei um condomínio de mansões espetaculares. A praia é linda. As águas são calmas, o que faz com que a praia seja uma ótima opção para um "programa família". De lá saiam alguns barcos para uma ilha que fica bem à frente da praia, mas eu não cheguei a visitá-la. Depois de um bom lanche, pé na estrada...
Depois de mais um tempo, cheguei à praia da Puruba. Um lugar também muito lindo. Diferentemente de Promirim, a Puruba tem ondas fortes. Mas quem curte banho de rio, tem essa opção nessa praia. O riacho chegando na praia com a mata atlântica ao fundo é uma paisagem de cartão-postal. Lá conheci a Tatiana, uma paulista simpática que quebrou um pouco a solidão da pedalada. Depois de uma boa conversa, voltei pra estrada.
Agora, começava a me sentir um pouco cansado. Mas é incrível como aquele lugar é inspirador.



Não conseguia parar. E detalhe: estava com uma mochila de uns 10 quilos nas costas! Mas, devagar e sempre, sabia que conseguiria chegar lá. E o curioso é que, em alguns momentos, pessoas que passavam de carro pela BR-101 gritavam palavras de ânimo pra mim. Isso foi bem legal...
Pedalando mais um pouco, cheguei à praia da Fazenda. Diferente das outras duas, a Fazenda é bem extensa e ela já não fica tão próxima da BR quanto as outras duas. (aliás, pelo que percebi, quanto mais próximo de Paraty, maior é a distância entre a BR e a faixa de areia, maior é a distância a se percorrer para chegar na praia). Na Fazenda, fiquei pouco tempo. Visitei um núcleo do Parque Nacional da Serra do Mar, bati algumas fotos na praia e segui destino.
Dali pra frente, não teria mas tempo para entrar em praia alguma, pois o dia claro já dava seus últimos suspiros. Até queria conhecer Camburi (dizem que é bem bonita), mas não deu.
Depois que se cruza a divisa RJ-SP, vem um momento muito interessante da viagem: fortes descidas. Nada mais justo pra quem já tinha pedalado uns 50 km e encarado algumas subidinhas consideráveis. Se não me engano, são uns 8 km de descida. Dali pra frente, é só manter um bom ritmo. Pedalei tranquilo e com dia claro até chegar na entrada de Paraty.
Na chegada ainda fui cumprimentado por duas gringas que eu nunca tinha visto rs Acho que elas devem ter se identificado comigo, com a figura do viajante...
Por volta das 19h, cheguei à Paraty. Tomei um belo banho em uma pousadinha e fui curtir um belo peixe cozido e, de sobremesa, um sorvete pra ninguém botar defeito. Depois de quase 74 km de pedalada, nada mais justo...rs