sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Os "pobres do IBGE" e a utilidade de certas estatísticas...

Poucos dias atrás o IBGE divulgou dados que apontavam para a redução da pobreza no Brasil. Fui conferir os dados. Depois de lida a matéria e ter comentado o assunto com outros colegas professores, achei que valeria a pena tecer alguns comentários sobre o assunto aqui no blog.
Quem são os pobres do IBGE? Reproduzo a seguir, o texto lido na Folha de S.Paulo: "O levantamento, com base nos dados do IBGE, considera como pobres pessoas em famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo (R$ 207,50)." Na mesma matéria, é dito que "o percentual de famílias pobres caiu de 35% para 24,1% da população nas seis maiores regiões metropolitanas do país entre 2003 e 2008. Isso representa uma redução de quase um terço no percentual de pobres, ou cerca de 4 milhões de pessoas".
Quando comentaram comigo que tinha sido observada uma queda expressiva na quantidade de pessoas pobres no Brasil, a priori, recebi bem a notícia, mas, ao mesmo tempo, senti a curiosidade de saber que faixa de renda é utilizada para diferenciar pobres de não-pobres.
A reflexão interessante que pode ser feita a partir desses dados, na minha opinião, é: a pobreza pode se reduzir tanto quanto se queira. Basta estipular uma uma faixa de renda e pronto. É a mágica dos números! Algumas questões se impõem: o que é de fato um indivíduo pobre no Brasil? E ainda: um indivíduo que ganha, por exemplo, 250 reais por mês não é pobre? Acredito que até nem mesmo uma pessoa que mora no município mais pobre do Brasil, se considera pobre com um salário de pouco mais que 207,50. A fragilidade do critério de pobreza do instituto é patente.
Se diz que o percentual de pobres se reduziu em quase um terço, mas quanto ganham hoje os "não-pobres"? Em quanto aumentou o poder aquisitivo dos "não-pobres"?
Enfim, qual é a utilidade de ser dizer que a quantidade de pobres brasileiros diminui em 4 milhões de habitantes?