sábado, 1 de novembro de 2008

Fonte: Folha Dirigida
Essa proposta salarial não deixa dúvida: a educação no Brasil não é levada a sério. E essa piada não tem nenhuma graça...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Eleições: será que iremos fazer nosso "dever de casa"?

Domingo se aproxima. Mas o que mudará quando aquele dia se encerrar? Será que o cidadão brasileiro assistirá a alguma mudança substancial em saúde, educação, transporte, saneamento etc? Estou muito cético quanto a isso.
Deveríamos questionar incisivamente todo o que pretende ocupar um cargo político. Palavras bonitas (às vezes nem isso), boa aparência, camisetas e favores diversos não podem ser vistos como critérios realmente válidos se queremos um país diferente. Vejo que a grande maioria de nossos candidatos têm, em maior ou menor quantidade, uma boa medida de deboche, despreparo e ganância. Sinceramente, acho que deveríamos receber para assistir muitas propagandas eleitorais.
Aliás, algumas propagandas chegam a causar indignação. Não que eu seja mal-humorado. Não é isso. Qualquer pessoa de bom senso não deveria achar engraçado o "show do ridículo" que mais uma vez nos foi imposto. Bom seria se essas pessoas fossem gravemente advertidas - ou até punidas - por brincar com coisa tão séria. Bom seria se todos os candidatos pudessem ser amplamente questionados, por grupos da sociedade (e não só em debates promovidos pela mídia), em suas propostas e atitudes antes que fossem investidos de poder, pois a conta é paga por todos nós.
Enfim, será que dá para esperar muita coisa desse pessoal? A propaganda eleitoral deveria ser chamada de qualquer coisa, menos de propaganda eleitoral. O que se vê é uma miríade de verdadeiros aventureiros e espertalhões em suas brincadeiras, sarcasmo, falta de propostas realistas e bem formuladas.
Quando fizerem a você aquela famosa pergunta: "que país é esse?", pode responder o que foi dito acima que você vai gabaritar.
Infelizmente, me parece que ainda não passaremos a limpo nosso país. Como sempre, insistimos em escrever muito mal nossa história e nossas opções serão, provavelmente, muito ruins. Assim, sem querer ser pessimista, penso que nosso país simplesmente não logrará êxito na lição de cidadania que deveria dar no próximo domingo...

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Os "pobres do IBGE" e a utilidade de certas estatísticas...

Poucos dias atrás o IBGE divulgou dados que apontavam para a redução da pobreza no Brasil. Fui conferir os dados. Depois de lida a matéria e ter comentado o assunto com outros colegas professores, achei que valeria a pena tecer alguns comentários sobre o assunto aqui no blog.
Quem são os pobres do IBGE? Reproduzo a seguir, o texto lido na Folha de S.Paulo: "O levantamento, com base nos dados do IBGE, considera como pobres pessoas em famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo (R$ 207,50)." Na mesma matéria, é dito que "o percentual de famílias pobres caiu de 35% para 24,1% da população nas seis maiores regiões metropolitanas do país entre 2003 e 2008. Isso representa uma redução de quase um terço no percentual de pobres, ou cerca de 4 milhões de pessoas".
Quando comentaram comigo que tinha sido observada uma queda expressiva na quantidade de pessoas pobres no Brasil, a priori, recebi bem a notícia, mas, ao mesmo tempo, senti a curiosidade de saber que faixa de renda é utilizada para diferenciar pobres de não-pobres.
A reflexão interessante que pode ser feita a partir desses dados, na minha opinião, é: a pobreza pode se reduzir tanto quanto se queira. Basta estipular uma uma faixa de renda e pronto. É a mágica dos números! Algumas questões se impõem: o que é de fato um indivíduo pobre no Brasil? E ainda: um indivíduo que ganha, por exemplo, 250 reais por mês não é pobre? Acredito que até nem mesmo uma pessoa que mora no município mais pobre do Brasil, se considera pobre com um salário de pouco mais que 207,50. A fragilidade do critério de pobreza do instituto é patente.
Se diz que o percentual de pobres se reduziu em quase um terço, mas quanto ganham hoje os "não-pobres"? Em quanto aumentou o poder aquisitivo dos "não-pobres"?
Enfim, qual é a utilidade de ser dizer que a quantidade de pobres brasileiros diminui em 4 milhões de habitantes?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

...idéia: O Brasil com b minúsculo e os incomunicáveis...

É melhor nos reinventarmos nossa prática educacional rapidamente. É melhor pensarmos menos em índice de aprovação e percentual de alunos matriculados no ensino básico e mais no que os nossos alunos estão escrevendo.
Em uma prova aplicada recentemente a alunos do terceiro ano do ensino médio (atenção: do ensino médio!), eis que o nome do nosso glorioso país aparece com a seguinte grafia:"brasil".
Sinceramente, é bastante difícil aceitar e entender uma realidade como essa. Uma noção por demais elementar não foi internalizada por aquele aluno. Mas não foi só ele. O "brasil" deu as caras novamente em outras provas. Fiquei ainda mais preocupado.
Mas não para por aí. Tem também o "sudeste", o "nordeste" etc etc.
Não bastasse esses erros ortográficos crassos, a dificuldade para expressar o que se pensa é cada vez maior. Quando pedimos que o aluno explique, ele cita. Quando pedimos para descrever, ele "telegrafa". Falta conteúdo? Ou o aluno não está entendendo o que está sendo pedido na questão? Talvez os dois. Mas o fato é que a dificuldade para entender o que as questões solicitam e/ou para argumentar é enorme. Se uma palavra um pouco menos corriqueira aparece na prova, é comum ouvir: "por que o professor não fala a nossa língua?" Ou: "é, tá querendo aparecer, tá querendo falar bonito..."
Não parece nada demais. Mas acredito que esse problema é sintomático. A "doença" parece ser bastante grave. Acredito que seria muito bom que se aplicasse um tratamento de choque para que o vírus brasilis minusculus seja contido o quanto antes. Ter um bom domínio da escrita e ter boa capacidade de compreensão do que é escrito ou falado não é simplesmente uma questão de conseguir boas notas ou passar em um vestibular: é ser "mais cidadão".

sábado, 19 de julho de 2008

... viagem



Hoje estava me lembrando de uma viagem que fiz, montado na minha bike, entre Ubatuba (SP) e Paraty (RJ). Foi um dos melhores que já fiz, apesar de ter ido sozinho. Mas foi uma boa oportunidade para conhecer pessoas diferentes e pra pensar um pouco na vida entre as muitas subidas e descidas.
Fiz esse passeio no verão de 2006. Tinha chegado há pouco em Campinas (SP) e queria muito conhecer o litoral norte de SP, especialmente Ubatuba. Assim, fiz uma preparação de três semanas em Campinas (pedalando em média 90, 100 km por semana), comprei algumas ferramentas e material sobressalente e parti.
Fui para Ubatuba de ônibus. Desmontei partes da bike e coloquei a magrela no bagageiro do ônibus. Ao chegar em Ubatuba, montei a bike e partir para o Itamambuca EcoResort, onde acampei por 2 dias para curtir as praias, antes de pedalar em direção à Paraty.
No dia da pedalada sai de Ubatuba por volta das 11h da manhã. O sol estava rachando. Dividi a pedalada em algumas paradas. A primeira delas foi em um trecho da estrada que tinha uma cachoeira muito bonita. Encostei a bike atrás de uma barraca que ficava na beira da estrada e dei uma refrescada.
Pedalei um pouco mais, até chegar à praia do Promirim. Para chegar lá, entrei um condomínio de mansões espetaculares. A praia é linda. As águas são calmas, o que faz com que a praia seja uma ótima opção para um "programa família". De lá saiam alguns barcos para uma ilha que fica bem à frente da praia, mas eu não cheguei a visitá-la. Depois de um bom lanche, pé na estrada...
Depois de mais um tempo, cheguei à praia da Puruba. Um lugar também muito lindo. Diferentemente de Promirim, a Puruba tem ondas fortes. Mas quem curte banho de rio, tem essa opção nessa praia. O riacho chegando na praia com a mata atlântica ao fundo é uma paisagem de cartão-postal. Lá conheci a Tatiana, uma paulista simpática que quebrou um pouco a solidão da pedalada. Depois de uma boa conversa, voltei pra estrada.
Agora, começava a me sentir um pouco cansado. Mas é incrível como aquele lugar é inspirador.



Não conseguia parar. E detalhe: estava com uma mochila de uns 10 quilos nas costas! Mas, devagar e sempre, sabia que conseguiria chegar lá. E o curioso é que, em alguns momentos, pessoas que passavam de carro pela BR-101 gritavam palavras de ânimo pra mim. Isso foi bem legal...
Pedalando mais um pouco, cheguei à praia da Fazenda. Diferente das outras duas, a Fazenda é bem extensa e ela já não fica tão próxima da BR quanto as outras duas. (aliás, pelo que percebi, quanto mais próximo de Paraty, maior é a distância entre a BR e a faixa de areia, maior é a distância a se percorrer para chegar na praia). Na Fazenda, fiquei pouco tempo. Visitei um núcleo do Parque Nacional da Serra do Mar, bati algumas fotos na praia e segui destino.
Dali pra frente, não teria mas tempo para entrar em praia alguma, pois o dia claro já dava seus últimos suspiros. Até queria conhecer Camburi (dizem que é bem bonita), mas não deu.
Depois que se cruza a divisa RJ-SP, vem um momento muito interessante da viagem: fortes descidas. Nada mais justo pra quem já tinha pedalado uns 50 km e encarado algumas subidinhas consideráveis. Se não me engano, são uns 8 km de descida. Dali pra frente, é só manter um bom ritmo. Pedalei tranquilo e com dia claro até chegar na entrada de Paraty.
Na chegada ainda fui cumprimentado por duas gringas que eu nunca tinha visto rs Acho que elas devem ter se identificado comigo, com a figura do viajante...
Por volta das 19h, cheguei à Paraty. Tomei um belo banho em uma pousadinha e fui curtir um belo peixe cozido e, de sobremesa, um sorvete pra ninguém botar defeito. Depois de quase 74 km de pedalada, nada mais justo...rs

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Uma ótima idéia: piso de 950 reais para os professores da educação básica

Ser professor da rede pública no Brasil é, via de regra, uma tarefa um tanto quanto penosa. O professor encara de perto a violência, o desrespeito, as precárias condições de trabalho e, além de outros problemas, um péssimo salário.
Mas, em meio a tantos dissabores, surge uma ótima idéia, uma ótima proposta para a educação pública brasileira: o piso de 950 reais para os professores do ensino básico.
Acredito que 950 reais ainda é pouco, bem pouco. Muitos profissionais sem formação superior (ou sem formação alguma) ganham esse valor, talvez trabalhando até menos que 40h. E muitos não consideram ainda, que o trabalho do professor não se resume a ministrar aulas...
Todavia, o piso proposto representará um ganho substancial no poder de compra e, conseqüentemente, mais qualidade de vida para muitos professores, sobretudo para aqueles que trabalham longe dos grandes centros, onde o custo de vida é relativamente mais baixo.
Que essa proposta seja o primeiro passo de muitos outros em direção a uma efetiva valorização do professor e de tudo o que envolve a educação pública.

... viagem

Vamos começar a falar neste blog sobre ocasiões em que estivemos "numa ótima viagem"...


Entre as dicas para esta seção não poderia deixar de falar de uma viagem muito interessante e de custo relativamente baixo que fiz em 1998: pico da Agulhas Negras (Itatiaia, RJ).


Desde os 14 anos eu vivia enchendo a paciência da minha mãe pra que ela me desse uma grana e, logicamente, me deixasse subir o pico das Agulhas Negras. Eu via as fotos, lia relatos e tudo isso me animava bastante a fazer esse passeio.


Mas foi só aos 18 anos que consegui seguir rumo às Agulhas Negras. Fui eu um primo que também tem espírito aventureiro. Fomos com pouquíssima grana.


Pegamos um ônibus no Rio de Janeiro que tinha como destino o Sul de Minas. Desembarcamos no alto da Serra da Mantiqueira no fim de uma tarde gelada do mês de maio. Como não tínhamos carro teríamos que encarar uns 8 ou 10km (não lembro exatamente a distância) até a Pousada Alsene.


No entanto, pouco antes do sol deixar seus últimos raios no horizonte, eis que apareceu no breu da estrada um gol branco que nunca esquecerei. O frio já estava "judiando" de nós. Até porque nossos agasalhos (de quem está acostumado ao frio da cidade do Rio) não davam conta do recado. O fato é que conseguimos uma carona até a pousada.


Quando chegamos lá conseguimos ficar em um quarto coletivo da Alsene. Tomamos uma bebida quente e conhecemos um pessoal legal (entre estas pessoas, estava uma inglesa que já estava pra lá de Bagdá de tanto que bebia vodka...rs).


Sem dúvida, aquela noite foi a mais fria que já enfrentei. Fora da pousada a temperatura desceu aos 3 negativos! Dentro da pousada ficamos perto de congelar: 5 positivos...


Pela manhã, após um café reforçado partimos em direção ao ponto culminante do Rio de Janeiro. Seriam mais ou menos 5 horas de caminhada.


Detalhe: não tínhamos guia para nos levar até lá... Ao chegarmos na entrada do Parque Nacional de Itatiaia (em sua parte alta, como se diz), pagamos a taxa devida e seguimos em frente. Nossa idéia era encontrar algum grupo que estivesse a caminho do pico e pedir pra ir junto. E não deu outra. Encontramos um grupo de paulistas que estava indo pra lá e fomos juntos.


Realmente o lugar é fantástico. Nessa parte do parque a vegetação predominante é de campo de altitude. É uma bela vegetação arbustiva. Mas ela essa vegetação dá lugar aos paredões rochosos. Quanto mais subíamos, mais incrível era vista. O céu não podia estar mais azul. Logo no início da caminhada nos deparamos com uns belos lagos. Passamos também por alguns pequenos cursos d'água que onde paramos pra pegar recarregar o cantil.


A rota que usamos tem 3 pontos em que foi necessário usar corda. Nada demais. Éramos inexperientes e conseguimos subir. No entanto, é necessário prudência para não se machucar.


Na subida você vai ter que encarar umas subidas fortes em terrenos rochosos que exigem certo equilíbrio e um tênis que tenha travas. É bom que seja assim pra que você não escorregue como eu. Quase que eu que me machuquei feio.


Já chegando no final da subida, após o último lance de corda, encamos uma subida numa espécie de escada de pedras. Adrenalina pura! Ficava pensando: e se uma dessas pedras soltar? A melhor coisa era seguir em frente e seja o que Deus quiser...


Faltava pouco agora. Era preciso só alcançar a parte de cima de uma pedra que parecia um funil. Com um certo esforço conseguimos passar para a parte de cima da pedra. Chegando lá, nos preparamos para o "ataque" final ao cume (quem lê pensa até que a gente subiu o Everest...rs). Chegando nessa parte é preciso dar um pulo para uma parede rochosa onde começa o trecho final da subida. Pulamos e seguimos circundando o pico. Após poucos minutos de caminhada em uma parede estreita (com a adrenalina em altas concentrações no sangue) chegamos no topo.


Lá permanecemos por, aproximadamente, 40 minutos. Era 12 h, se não me engano. Fizemos um lanche, batemos algumas fotos e começamos a descida. A descida foi bem mais tranquila. O terreno agora era familiar.


Estávamos exaustos. E graça a Deus conseguimos uma carona até Itamonte (MG), onde ficamos até 4 da manhã (!) aguardando um ônibus para o Rio.


Se você quer curtir um passeio muito legal e barato, essa é uma ótima opção. Você não vai arrepender!



DICAS IMPORTANTES!


  • Se você também quer subir o pico, deve saber que a estrada que dá acesso ao pico é muito precária. São aproximadamente 10km numa estrada de terra muito pedregosa. É bom andar bem devagar (em alguns pontos você irá de primeira com o carro quase parando), a menos que você tenha um jipe ou algo parecido.


  • Compre o que você pretende comer antes de subir, pois, provavelmente você não encontrará muita coisa na pousada. Depois da pousada, você não encontrará qualquer local para comprar o quer que seja.


  • Para quem prefere acampar, a pousada Alsene disponibiliza sua área externa para camping.


  • Não se esqueça de levar dinheiro para pagar a taxa de entrada na parte alta do parque.


  • Leva agasalhos para noite (mesmo no verão faz bastante frio lá em cima) e roupas mais leves para a caminhada.


  • Chegue, pelo menos, antes da 10 da manhã na portaria da parte alta do parque. Se você chegar muito depois desse horário, provavelmente, você não conseguirá permissão para ir para as Agulhas Negras, uma vez que você deve estar de volta até às 17h.


  • E, por fim, é bastante aconselhável que você encontre um bom guia para levar você ou seu grupo até o pico. Não é sempre que se encontra um grupo de realmente conhece a trilha e que está disposto a oferecer uma "carona".